Opinião da Presidência:
O Governo Federal concedeu reajuste no salário mínimo de 9,12% e a partir de março passou a valer R$ 415. E sempre que isso acontece volta ao debate se o valor pago é ou não justo. Uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que o novo mínimo ainda é inferior ao necessário para cobrir os custos de uma família, como manda a Constituição. Pelo estudo, o salário mínimo deveria ser de R$ 1.924,59.
Para alguns especialistas do assunto, hoje, boa parte dos efeitos positivos do aumento do salário mínimo foi perdida. O reajuste tanto pode aumentar o salário das pessoas como fazer com que elas percam o emprego ou a carteira de trabalho.
Nos últimos anos, a discussão sobre a recuperação do salário mínimo passou a estar associada à questão previdenciária. Na medida em que o menor valor para as pensões e aposentadorias é o próprio salário mínimo, qualquer aumento representa maiores gastos assistenciais e previdenciários. Há pouco mais de 14 milhões de aposentados e pensionistas, além de dois milhões e trezentos mil pessoas recebendo auxílios assistenciais no valor de um salário mínimo.
Segundo dados oficiais, cada real a mais concedido ao salário mínimo representa um aumento de R$ 140 milhões nos gastos do orçamento federal.
Uma política de valorização do salário mínimo passa obrigatoriamente por uma mudança na política econômica, que poderia ter início com uma redução substancial da taxa básica de juros, por sinal, reivindicação de quase todos os segmentos da sociedade. A queda da taxa de juros significaria uma menor necessidade de pagamento de juros da dívida pública, permitindo uma folga na política fiscal, cuja conseqüência imediata seria uma maior disponibilidade de recursos para os gastos públicos, inclusive para cobrir as despesas decorrentes da elevação do salário mínimo. Em outras palavras, o governo estaria trocando o pagamento de juros por aumento do salário mínimo. Nada mais coerente para um governo que se diz voltado para o social.